A pandemia afetou a vida do mundo todo de diversas maneiras, e uma delas foi a forma de trabalhar. Muitas empresas se viram obrigadas a migrar para o universo on-line da noite para o dia, assim como os funcionários precisaram se adaptar à nova rotina em casa. Mas o que muita gente achou que seria um sonho se tornou um grande desafio.
Do dia para a noite a nossa forma de trabalhar mudou, assim como nossa pressão sob as entregas. Além do receio com a contaminação pelo vírus, a preocupação em manter o nível de rendimento em meio a um modelo de trabalho em que não estamos acostumados, causou diversos transtornos que vão desde alterações do sono, ansiedade, estresse até sintomas físicos, como alterações digestivas.
Outro relato comum das pessoas em home office é que elas trabalham muito mais. Como o trabalhador já está em casa e a tensão sob sua entrega é grande, a jornada de trabalho se estende bem além do que aconteceria na empresa, agravando ainda mais os transtornos psicológicos.
Durante a pandemia, o Centro de Inovação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP) realizou uma pesquisa que mostrou que 56% entre 464 entrevistados encontraram muita dificuldade ou dificuldade moderada em equilibrar as atividades profissionais e pessoais no home office. O levantamento constatou ainda que para 45,8% houve aumento da carga de trabalho após o isolamento. Ainda 34% dos entrevistados consideraram difícil ou muito difícil manter a motivação, e 36% opinaram difícil ou muito difícil continuar com a mesma produtividade.
Para o professor de Psicologia Social da Faculdade de Relações Trabalhistas e Recursos Humanos de Granada, Francisco Díaz Bretones, o tempo de recuperação entre uma jornada de trabalho e outra não está sendo respeitado, desencadeando um estresse crônico. “Expandimos o tempo e o espaço. Se antes o trabalho estava restrito a um lugar determinado durante certo tempo, isso desapareceu. Trabalhamos sob um guarda-sol na praia, em casa, no escritório, a qualquer hora. É a primeiro coisa que fazemos ao acordar e a última ao nos deitar. Não temos períodos de recuperação e de descanso. A recuperação física é muito mais rápida. Mas psicologicamente demoramos muito mais para voltar a um estado de relaxamento.”
Por isso, tenha em mente que seu rendimento depende da sua estabilidade tanto física quanto emocional. Crie listas de tarefas diárias para ajudar no controle da ansiedade, faça refeições saudáveis e com calma e, principalmente, respeite o tempo que seu corpo precisa para se recuperar. Afinal, a pandemia ainda não foi embora e algumas tendências vieram para ficar.
Fonte: https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-08-09/o-teletrabalho-nao-era-isto.html